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Castanha-do-brasil: benefícios e cuidados

por | abr 23, 2017 | Áreas, Catering e Microbiologia

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A Castanha-do-pará é uma castanha originária do Brasil, mais especificamente da região amazônica, sendo que o principal estado produtor hoje em dia é o Acre. Por isso, e também por questões comerciais (exportação, por exemplo), têm-se utilizado mais recentemente a denominação de “Castanha-do-brasil”.

Ainda hoje sua extração é feita diretamente na natureza, em árvores nativas, igual acontece com a extração da borracha da seringueira, apenas mais recentemente é que árvores produtoras de Castanha-do-brasil começaram a ser cultivadas de forma sustentável na tentativa de manter e aumentar a produção dela no país.

O motivo pela qual sua produção precisa ser mantida através do cultivo de castanheiras em fazendas, é que recentemente a produção da castanha vem caindo, sendo que um dos motivos para tal, está no desflorestamento que ocorre na região amazônica. O maior desafio hoje, no entanto, com relação a este cultivo é que ainda é muito cedo para prever se haverá sucesso no cultivo sustentável da castanheira ou não.

No exterior ela é também conhecida como Brazil Nut ou Para Nut e é uma semente com um alto teor de gordura e proteína. O óleo dela também é utilizado na fabricação de produtos para cabelo e, além disso, ela apresenta várias características que podem beneficiar bastante na saúde das pessoas como sua grande quantidade de selênio, vitaminas e gorduras monoinsaturadas.

Benefícios

A Castanha-do-brasil é um alimento que faz parte do grupo das oleaginosas e, portanto, possui grande quantidade de gorduras, proteínas, minerais, vitaminas e antioxidantes. Nos últimos anos a ciência tem ainda descoberto cada vez mais benefícios que ela pode trazer para a saúde das pessoas.

Para quem está em dieta, por exemplo, não precisa se preocupar com a gordura encontrada na castanha já que ela é composta principalmente de gordura monoinsaturada e poliinsaturada, que não fazem mal ao organismo e são gorduras que ajudam o corpo a reduzir os níveis de LDL (colesterol ruim) mantendo/aumentando o HDL (colesterol bom).

Além disso, temos um mineral encontrado na Castanha-do-brasil que merece destaque por estar presente em grande quantidade e por seus benefícios. O mineral é o Selênio. Entre as qualidades dele está a proteção contra os radicais livres no organismo, a melhora no sistema imunológico e benefícios para o sistema nervoso, além do combate às doenças como Parkinson e Alzheimer.

Há ainda algumas pesquisas mais recentes que indicam que o selênio ajudaria também na redução do risco de câncer de próstata.

Abaixo segue uma tabela da composição nutricional da Castanha-do-brasil (para cada 100gr):

  • 656 kcal;
  • Proteínas -14gr;
  • Gorduras – 66gr;
  • Carboidratos – 13gr;
  • Gordura saturada – 16gr;
  • Gorduras Poliinsaturadas – 21gr;
  • Gorduras Monoinsaturadas – 23gr.


Aflatoxinas

As aflatoxinas são um grupo de micotoxinas estruturalmente semelhantes que contaminam grãos, leite e seus produtos. A aflatoxina B, é considerada atualmente como a mais tóxica e com maior poder carcinogênico dentre as micotoxinas, além de ser também a mais frequentemente encontradas em alimentos.

As aflatoxinas são metabólitos produzidos por fungos filamentosos (Aspergillus flavus/A. parasiticus) com elevado potencial cancerígenos. Pertencem a um grupo de micotoxinas de grande incidência em alimentos em todo o mundo, tendo sido detectadas no milho, amendoim, trigo, nozes, leite, aveia, feijão, dentre outros.

A sua toxidade pode ser aguda para o fígado, e alguns efeitos noviços da exposição as aflatoxinas podem ser a hepatocarcinogênese, teratogênse, mutagênse, imonussupressão, efeito anticoagulante, anemia e diminuição da fertilidade.

Vários fatores ambientais podem influenciar a produção de aflatoxinas, entretanto, a temperatura e a umidade relativa são consideradas os principais. Em condições favoráveis, algumas espécies fúngicas podem produzir micotoxinas que, uma vez ingeridas, levam a um quadro clínico grave da doença denominada micotoxicose, podendo causar câncer de fígado, hepatite, cirrose, febre, vômito, perda de apetite, dor abdominal, convulsões e morte tanto no homem como em animais.


Aspergillus Bertholletius

Uma nova espécie de fungo foi descoberta na Castanha-do-brasil. Batizado de Aspergillus bertholletius em referência ao nome científico da castanheira (Bertholletia excelsa), o microrganismo foi identificado e descrito por pesquisadores do Brasil, Europa, Estados Unidos e Austrália. A espécie não fabrica aflatoxina, um tipo de substância que, em alta quantidade, pode ser cancerígena. No entanto produz o composto O-metilesterigmatocistina, precursor das aflatoxinas. “Essa característica poderá auxiliar a compreender melhor a via biossintética das aflatoxinas e fornecer parâmetros para controlar essa toxina que tem sido detectada em castanhas-do-brasil”, diz Marta H. Taniwaki, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas, uma das autoras do estudo. A descoberta da nova espécie atesta a grande biodiversidade de fungos encontrados no Brasil, sobretudo na região amazônica, segundo a pesquisadora.


Fontes de Contaminação

Para que se possa compreender a riqueza da microbiota da castanha faz-se necessário conhecer a realidade da floresta amazônica, das áreas dos castanhais. O clima, nestas áreas, é bastante úmido podendo atingir 80% de umidade e temperaturas de até 40ºC e estação chuvosa abundante, condições estas as quais propiciam o cultivo natural de fungos e bactérias dentre outros organismos.

Soma-se que os ouriços, ainda, nas árvores, são alvos de ataque de aves, roedores, prossímios, macacos, os quais podem deixar inóculos microbianos de fezes, regurgitações, saliva e mesmo do solo com suas patas, e também insetos, que contribuem para a riqueza da microbiota. Os ouriços amadurecidos caem sob a ação do vento e da chuva, aninhando-se entre a folhagem em decomposição no solo. A coleta destes não é imediata, pois durante esta época muitos se despencam, colocando em perigo qualquer vertebrado que esteja embaixo das castanheiras. Desta forma, pelo menos entre 1 a 2 meses os ouriços interagem com a rica biota da liteira, onde há pouca luminosidade.

A coleta dos ouriços, estes são de início amontoados para depois, então, serem quebrados e as castanhas removidas, juntadas e posteriormente acondicionadas em sacos ou Amazônia.

Em geral os castanhais estão distantes dos centros de beneficiamento, muitas das vezes, o caboclo atravessa enormes distâncias a pé, seguindo o caminho em cursos d’água, em canoas a remo ou motorizada e, finalmente, chegam às estradas empoeiradas.

Durante todo o trajeto as amêndoas são expostas aos mais variados inóculos, agravando-se, ainda mais, ao serem lavadas as castanhas e ensacadas molhadas. As instalações físicas onde são beneficiadas as castanhas estão nos recônditos da floresta, portanto, ainda, não se pode esperar tratamento de primeiro mundo ao produto que deverão alcançar os mercados da Europa, Ásia e América do Norte.


Principais Cuidados

Após a queda dos ouriços não se deve deixá-los muito tempo no chão da floresta, pois isto favorece a contaminação das castanhas, causando uma perda muito grande na produção. O ideal é que a coleta seja feita durante a safra, com pequenos intervalos entre uma coleta e outra, o que encurta o tempo dos ouriços no chão, e com isso as chances de contaminação são menores.

Para fazer uma coleta com segurança os coletores devem usar capacetes e devem retirar e amontoar os ouriços que estão debaixo das castanheiras para fora do alcance de suas copas para evitar acidentes.Os ouriços devem ser abertos com facão limpo e as castanhas devem ser colocadas em cima de um material de proteção que podem ser lonas plásticas, folhas de palmeira ou sacos plásticos, evitando, assim, o contato das castanhas com a terra. Isto ajuda a evitar a contaminação por fungos.É nesse momento que é feita a primeira seleção das castanhas onde são retiradas as castanhas quebradas e estragadas.

Todos estes cuidados podem parecer bobagens, mas estudos indicam que a maior probabilidade de contaminação se dá durante a coleta, então, cuidado redobrado!


REFERÊNCIAS

PAZANI CASTANHAS. Castanha do Pará. 2013. Disponível em: <https://www.pazzanicastanhas.com.br/castanha-do-para.html>.

PAZANI CASTANHAS. Benefícios da castanha do Pará. 2013. Disponível em: <https://www.pazzanicastanhas.com.br/beneficios-da-castanha-do-para.html>.

REVISTA PESQUISA FAPESP. Novo fungo da castanha-do-pará. 2012. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/novo-fungo-na-castanha-do-para/>.

ÁREA DO INSTITUTO. Artigos. 2010. Disponível em: <https://www.iac.sp.gov.br/areadoinstituto/pibic/anais/2010/Artigos/RE10216.pdf>.

OURO VERDE AMAZÔNIA. Cartilha, castanha. 2013. Disponível em: <https://www.ouroverdeamazonia.com.br/cartilha_castanha.pdf>.

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