A dieta Low Carb (Baixo em Carboidratos) ganhou fama porque além de ser seguida por muitos famosos ela realmente é uma estratégia alimentar que funciona, porém é importante saber que nem tudo que funciona para um, funciona para todos. Abraçar uma estratégia alimentar como a salvadora da pátria do emagrecimento pode não ser muito legal tendo em vista que o ganho de peso associado a obesidade é cercado por várias questões relacionadas a genética, microbiota intestinal, hormônios, cultura, comportamento, dieta, exercício e outros.

Apesar dessas grandes associações é possível obter bons resultados com a dieta, porém os maiores resultados, e até mais adequados na maioria dos casos, são conquistados com a intervenção entre todas essas questões envolvidas e com tratamento multidisciplinar.

A dieta Low Carb baseada na literatura cientifica é uma estratégia alimentar com o valor calórico proveniente dos carboidratos entre 30 a 130 gramas por dia ou até 45% do valor calórico total da dieta (Hite et al, 2011), apesar de termos essa recomendação muito bem esclarecida em vários estudos, infelizmente a comunidade leiga vem distorcendo esse conceito e fazendo de suas experiências pessoais uma regra no meio da comunidade em que vivem. Muitos dos chamados “influenciadores digitais” que defendam a dieta sem ter formação na área, acabam gerando um certo medo nas pessoas a um nutriente tão importe a saúde humana que é o carboidrato e isso tem causado transtornos alimentares e prejudicado a relação dessas pessoas com a comida, deixando-as doentes e mais distantes dos seus resultados.

Um estudo mais recente sobre a dieta low carb, lançado na revista JAMA, onde os pesquisadores (Gardner CD et al, 2018) realizaram um ensaio clínico randomizado comparando o efeito das dietas low carb e a low fat em 609 indivíduos com idade entre 18 a 50 anos e IMC entre 28 a 40 m², durante o período de um ano foi investigado a perda de peso nesses indivíduos e ao final deste estudo ambos os grupos apresentaram perda de peso significativa ( – 5,3kg para o grupo Low Fat e – 6,0 para o grupo Low Carb). Também não houve diferença na interação genética ou secreção de insulina entre os resultados analisados. Dentro deste contexto os autores concluem que não houve diferença significativa na mudança de peso entre as duas estratégias e tampouco os dois fatores associados ajudaram a identificar qual dieta foi a melhor para quem.

Quando falamos em perda de peso, não existe formula mágica ou um padrão universal ideal para todos, cada indivíduo é único, por isso é muito importante que profissionais de saúde e leigos respeitem a realidade individual das pessoas, tendo em vista que qualquer dieta que promova o déficit calórico resulta no emagrecimento, a diferença é que quanto mais restrita for essa dieta, menor a adesão e duração da mesma, por isso é muito melhor seguir uma alimentação sem restrições e balanceada que seja sustentável do que sofrer fazendo uma dieta que não tem o seu nome, que te faz sofrer e que pode desencadear o efeito sanfona.

Não mude sua alimentação por indicações de leigos na internet, busque orientação de bons profissionais que te ajudem com a sua alimentação através de mudança de hábitos que durem por toda a vida.

Referência

Christopher D. Gardner et al. Effect of Low-Fat vs Low-Carbohydrate Diet on 12 Month Weight Loss in Over-Weight Adults and the Association With Genotype Patterno r Insulin Secretion. JAMA, Original Investigation I February 20, 2018.

Hite AH et al. Low Carbohydrate Diet Review: Shifting the Paradigm. Nutr Clin Pract. 2011.

RAIANE GOMES

Nutricionista (CRN3 | 45314). Atendimento com foco no emagrecimento e na hipertrofia muscular. Fone: (11) 99651-4161. E-mail: [email protected].