Não existe uma boa cozinha se de início ela não for feita por amor às pessoas a quem ela se destina. Para Bocuse o ato de cozinhar, por ser uma arte, ultrapassa os limites do senso geral: custo benefício, menor esforço, tirar proveito etc. São expressões de uso comum, que não se aplicam ao ato de cozinhar.
O cozinheiro sabe pintar quando ele compõe um prato, esculpir quando define um tipo de corte, sentir quando prova um tempero, contemplar quando avalia o resultado de sua preparação no prato.
Para o bom cozinheiro aromas são como acordes musicais que afloram em suas narinas, a crocância pode se transformar em sons para as suas papilas. A arte de cozinhar tem o dom de transformar sabores em notas musicais, o gesto de servir em afetos e o compartilhamento em um abraço caloroso para acolher o convidado.
Quando alguém decide fazer a opção por cozinhar, seja fazendo um curso, seja se interessando por receitas, na sua mente não está o calor das cozinhas, o risco do chão escorregadio e menos ainda as inúmeras possibilidades de se acidentar – nada disto tem importância, face a possibilidade de se viver instantes de glória e de emoção ao servir um prato fumegando aromas para pessoas que lhes são caras.
Amar é também servir.
WENCESLAU AVILA
Gerente de Qualidade no Instituto Franco-Brasileiro de Gastronomia. Instituto de alta gastronomia com padrão internacional em Campinas/SP.
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