Referência em cuidados e atendimentos a cegos e pessoas com baixa visão, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, por meio de sua divisão Soluções em Acessibilidade, lança campanha junto a estabelecimentos gastronômicos para ajudá-los a se tornarem mais acessíveis. A iniciativa começa com clientes que já produziram versões acessíveis – em braile e fonte ampliada – de seus cardápios na pioneira Imprensa Braile da instituição, a maior em capacidade produtiva da América Latina. Trinta e cinco parceiros, entre eles as redes América, Havanna, Johnny Rockets, McDonald’s e Rei do Mate, vêm recebendo gratuitamente quatro adesivos por cardápio produzido para que sejam afixados em locais de fácil visualização, sinalizando que o estabelecimento conta com cardápio acessível. A campanha inclui ainda o “Guia de Atendimento à Pessoa com Deficiência Visual”, com algumas dicas e sugestões de como receber esse consumidor.
“Essa é uma forma de identificar e divulgar estabelecimentos que tiveram a iniciativa de tornar seus ambientes e serviços mais acessíveis, podendo, inclusive, servir de exemplo para outros estabelecimentos interessados nessa prática de responsabilidade social”, conta Itamar Junior, diretor da divisão de Soluções em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para Cegos. Vale lembrar que, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem 6,5 milhões de brasileiros com deficiência visual, sendo 6 milhões com baixa visão e 500 mil cegos. “Entendemos que a decisão de produzir esse material em braile e fonte ampliada faz toda a diferença no dia a dia de consumidores com deficiência visual, mas também permite a inclusão de idosos ou pessoas que sofrem com dislexia, por exemplo”, diz Itamar.
A Lei da Acessibilidade (Lei 10.098/2000) já determina que estabelecimentos, que servem comida, disponibilizem cardápios em braile. Conscientes e responsáveis socialmente, Havanna e McDonald’s figuram entre as redes que disponibilizam cardápios em braile e fonte ampliada – todos, produzidos pela divisão Soluções em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para Cegos. Há quase 20 anos, o McDonald’s disponibiliza versões acessíveis do seu cardápio. Além de serem produzidos em braile e fonte ampliada, apresentam uma descrição mais detalhada de cada produto disponível. Cliente da Fundação Dorina Nowill para Cegos desde 2006, a rede conta com um cardápio em braile em cada um dos 910 restaurantes – incluindo os quiosques e unidades McCafé – distribuídos por todo país. O McDonald’s é uma empresa democrática e inclusiva, por isso busca ser sempre acessível para todos os públicos, sem fazer qualquer distinção.
Preocupada em atender a todos os clientes da melhor forma possível, a rede Havanna mantém, desde 2015, um cardápio acessível em cada uma das suas mais de 50 lojas no Brasil. Recentemente, a empresa contratou novamente os serviços da divisão Soluções em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para Cegos para a produção de mais 30 menus em braile. De acordo com Diego Schiano, diretor geral da Havanna Brasil, “esse material é item obrigatório desde a abertura de uma nova unidade e a cada modificação do menu, que ganha uma versão em braile exatamente idêntica aos demais cardápios”.
Integrante da equipe comercial da divisão Soluções em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Ademilson Costa nasceu com 20% da visão. Aos 12 anos, com o deslocamento da retina, ficou totalmente cego. Reabilitado, ele segue a vida da forma mais independente possível. Casado com Alessandra, também cega, os dois se sentem prontos para uma vida mais autônoma, porém, ainda se deparam com estabelecimentos pouco acessíveis para diferentes deficiências. No caso específico da deficiência visual, percebem a falta de recursos de acessibilidade simples, seja na estrutura (por exemplo, piso tátil), em materiais como cardápio em braile no restaurante e na capacitação da equipe de atendimento ao cliente. “Sempre que saímos para comer fora, faço questão de solicitar o cardápio em braile. Ele representa minha independência e autonomia, além de proporcionar um dos maiores prazeres da minha vida: a leitura. Mesmo que seja um cardápio, eu gosto de ler. Porém, na maioria dos casos, precisamos recorrer a algum funcionário pela inexistência do material acessível”, conta Ademilson.
“Mas a capacitação dos funcionários também é muito importante”, ressalta. “Algumas pessoas têm receio em atender um deficiente visual. Isso porque não estão preparadas e não sabem como exatamente podem nos ajudar, seja na condução até uma mesa ou mesmo descrevendo quais são as opções disponíveis”, diz Ademilson. Para ele, um treinamento simples pode fazer toda a diferença, desmistificando algumas questões. “No final das contas, o que nos motiva a desistir de um local ou a retornar a um determinado restaurante é a forma como somos abordados e acolhidos. E mesmo que a pessoa não saiba exatamente como agir, se ela demonstra disponibilidade para aprender e, assim, nos atender bem já é um diferencial”, diz Ademilson que, em seus passeios pela cidade ao lado de Alessandra, já encontrou cardápios acessíveis e equipes atenciosas em estabelecimentos de diferentes portes – de redes de franquias até a padaria do bairro. Ainda em uma quantidade muito tímida, mas que representam algumas melhorias na questão da inclusão.
Buscando estimular o crescimento deste movimento, Itamar ressalta: “Pensando na autonomia e no bem-estar deste grupo consumidor, esperamos que nossos atuais e futuros parceiros envolvam todos os funcionários nesta iniciativa, para que eles se sintam mais confortáveis no atendimento às pessoas com deficiência visual e lembrem-se sempre de oferecer o cardápio acessível”. A campanha por estabelecimentos gastronômicos mais acessíveis espera ir muito além da região metropolitana de São Paulo. “Atendemos clientes de todo o Brasil e, a partir de agora, cada cardápio acessível encomendado será entregue junto com os adesivos da Fundação Dorina Nowill para Cegos e ‘Guia de Atendimento à Pessoa com Deficiência Visual’ da nossa campanha”, afirma. Confira a seguir algumas dicas simples, mas que podem fazer toda a diferença no atendimento a cegos e pessoas com baixa visão.
Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos
Há mais de 70 anos, A Fundação Dorina Nowill para Cegos trabalha para que crianças, jovens e adultos cegos e com baixa visão sejam incluídos em diferentes cenários sociais. A instituição oferece serviços gratuitos e especializados de orientação e mobilidade, clínica de visão subnormal e programas de inclusão educacional e profissional. Responsável pela maior Imprensa Braile do Brasil e da América Latina, em capacidade de produção, a Fundação Dorina Nowill para Cegos é referência na produção e distribuição de materiais nos formatos acessíveis braile, áudio, impressão em fonte ampliada e digital acessível, incluindo o envio gratuito de livros para milhares de escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil. A instituição também oferece uma gama de serviços em acessibilidade, como cursos, capacitações customizadas, sites acessíveis, audiodescrição e consultorias especializadas. Contando com o apoio fundamental de colaboradores, conselheiros, parceiros, patrocinadores e voluntários, em 2017, a Fundação Dorina Nowill para Cegos foi reconhecida pela revista Época e pelo Instituto Doar como uma das 100 Melhores ONGs para Doar no Brasil, confirmando a seriedade de um trabalho que atravessa décadas e busca conferir independência, autonomia e dignidade às pessoas com deficiência visual. Mais detalhes: www.fundacaodorina.org.br.
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