Quais as chances de uma chef de uma pequena cidade do interior paulista estar na seletiva da quarta temporada de The Taste Brasil (GNT/Globosat)? Muitos diriam nenhuma. Afinal, milhares de candidatos de todo o país – muitos deles hoje já pilotando cozinhas de renomados restaurantes – disputaram a chance de estar na seletiva que selecionou 16 chefs para a nova temporada do reality show do GNT, que tem início no próximo dia 26, às 22h. A quarta temporada do programa é a primeira a reunir entre os selecionados para o programa chefs profissionais.
Foram 11 mil vídeos – confissões e histórias sobre o prazer de cozinhar e sobre a importância da culinária na vida de cada um deles. Só 500 foram selecionados e, desses, 30 foram “pescados” para o programa de estreia, entre eles, a cafelandense Patrícia Palmezan, 40. “Nunca imaginei que pudesse ser escolhida, até porque a imensa maioria dos chefs-revelação do país têm a metade da minha idade e porque nunca acreditei que reality shows fossem, de fato, ‘reais’. Mas foi uma emoção enorme, porque eu não estudei para estar exclusivamente à frente de um restaurante, mas para principalmente compartilhar o conhecimento que adquiri ao longos desses últimos dez anos e para usar a gastronomia como elemento transformador, como ela foi para mim”, revela.
No primeiro episódio – serão dez -, os 30 candidatos tiveram uma única chance de impressionar Claude Troisgros, Helena Rizzo, André Mifano e Felipe Bronze com receitas próprias, apresentadas aos jurados/mentores em colheres molheira de finger food, aquelas minúsculas colherinhas de porcelana branca. Desses, 16 foram escolhidos para estar no programa, entre eles a chef cafelandense.
Os renomados chefs experimentaram, às cegas, cada uma das receitas. “Levei uma das minhas especialidades: o ceviche marsala, feito com romã e lichia. Eu vim da confeitaria e a minha gastronomia sofreu grande influência disso. Meus pratos geralmente trazem um quê de doçura e de aromas e sabores florais”.
Paixão pela cozinha começou com as avós
Patrícia diz ter tido a sorte de crescer em um ambiente afetivo repleto de aromas e sabores. “Minha família sempre se reuniu em volta do fogão, vendo a minha avó fazer croquetes, bolos, chantilis. Depois da morte dela, coube a mim o bem mais precioso dela: seu livro de receitas”.
Formada em direito pela Universidade de Marília, a chef foi buscar aperfeiçoar o que vinha desenvolvendo nos últimos anos como autodidata. Formou-se, então, em Gastronomia na Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista (FAIP), com a tese voltada à Gastronomia Social: “Fermentando Sonhos e Uma Nova Realidade”. “Eu quero difundir aqui no interior paulista a ideia de que a gastronomia é também objeto de transformação social. Hoje, a figura do chef ganhou proporções absurdas e por vezes distorcida, sendo inclusive glamourizada em excesso. Quero ajudar as pessoas a resgatarem o desejo de irem para a cozinha e de valorizarem o fato de que a gastronomia tem um forte apelo afetivo. Também estou desenvolvendo uma culinária que valorize os alimentos que essa minha terra produz”.
Leia mais: Uma gastronomia social
À frente do coletivo The Five
Hoje, Patrícia está à frente do coletivo gastronômico The Five. “Temos atuado em eventos privados de pequeno e médio porte na região de Bauru, Marília e Lins, apresentando ao interior uma cozinha contemporânea e intimista. Em breve, lançaremos cursos também. Eu e os demais chefs do projeto acreditamos e defendemos que cozinha não se faz sozinha. Daí o nome The Five, como os cinco dedos da mão”, conclui.
0 comentários