Os vinhos franceses são um dos tipos de vinhos com maior diversidade e complexidade. Isso porque cada microrregião produtora possui características muito peculiares que influenciam sobremaneira cada rótulo.
Mas, conhecer toda a diversidade é um desafio que exige anos de estudo. Afinal, são inúmeros detalhes sobre castas de uvas, terroirs, métodos de produção, denominações de origem, classificação de qualidade, certificações, regiões produtoras, microrregiões…
Para te ajudar a entender um pouco mais sobre esse estudo tão complexo e saboroso, escrevemos este texto explicando tudo que você precisa saber sobre vinhos franceses.
Terroir
Basicamente, terroir é um termo que resume a combinação peculiar de clima, solo e técnicas de cultivo e produção específicos de uma determinada localidade que dão ao vinho características singulares.
Para você ter uma ideia, uma quantia maior de sol em uma parte do vinhedo, uma menor irrigação ou um terreno mais elevado são capazes de gerar um vinho completamente diferente dos outros produzidos com as uvas de poucos metros de distância.
Denominações de Origem
As denominações de origem dos vinhos franceses servem para atestar a procedência, apontar vinhos com características semelhantes e enaltecer o terroir de uma região. São três:
Vins de Appellation de Origine Contrôlée (AOC)
Os Vinhos de Denominação de Origem Controlada – denominação alterada em 2012 para Appellation d’Origine Protégée (AOP) – são os que seguem regulamentações específicas de cultivo, produção, amadurecimento, envelhecimento e comércio, provenientes de áreas específicas que podem ser grandes regiões, sub-regiões menores, comunas, cidades e até mesmo um único vinhedo. Há mais de 350 AOCs na França.
Vins de Pays
Os chamados Vinhos Regionais são vinhos elaborados segundo regras restritas e provenientes de regiões não AOC pequenas, como departamentos ou províncias, distritos, zonas ou comunas, cujos nomes lhe conferem uma denominação específica.
Vins de France – Vins de table
Os Vinhos de Mesa constituem a maior parcela de vinhos da França: 55% da produção total. No entanto, são os vinhos que não seguem regras específicas, nem sempre de menor qualidade, mas que não podem conter no rótulo o nome de nenhuma região, sub-região ou vinhedo específico.
Regiões produtoras
Há inúmeras regiões produtoras de vinhos na França, sendo a maioria com produção servindo apenas ao mercado interno, enquanto poucas expandem o prestígio e a elegância dos vinhos franceses no cenário internacional. Podemos dizer que são 15 principais, entre elas: Alsace, Beaujolais, Bordeaux, Bourgogne, Champagne, Côtes du Rhône, Languedoc-Rousillon, Loire, Provence e Sud-Ouest.
Conhecer as regiões francesas é essencial para compreender os vinhos franceses, entender seus rótulos e até descobrir quais as uvas do blend – já que a maioria dos vinhos franceses são uma assemblage, ou seja, uma mistura de várias uvas, e não especificam as uvas nos rótulos.
Vamos falar sobre algumas delas!
a) Alsace
A região da Alsácia está localizada no nordeste da França, próxima à fronteira com a Alemanha. É uma AOC com predomínio de uvas brancas, principalmente das castas Riesling, Gewurztraminer, Pinot Gris e Sylvaner, o que a torna famosa por seus vinhos brancos secos, leves e frutados. Uma característica peculiar dos rótulos alsacianos é que eles são exclusivamente varietais, ou seja, elaborados com um só tipo de uva.
b) Beaujolais
É uma sub-região da Borgonha bastante peculiar, localizada entre Mâcon e Lyon, que produz vinhos tintos, leves e frutados com a uva Gamay. Atualmente, o mais famoso é o Beaujolais Nouveau, feito para ser bebido jovem e lançado toda terceira quinta-feira do mês de novembro.
c) Bordeaux
Localizada na costa Atlântica da França, é a maior e mais importante região produtora do país, com 57 sub-regiões AOCs produtoras de vinhos de altíssima qualidade. A maioria deles são tintos, mas sub-regiões como Sauternes e Barsac produzem alguns dos melhores vinhos brancos de sobremesa do mundo.
d) Bourgogne
A uma hora de Lyon concentram-se as vinícolas de Borgonha, uma das mais antigas da França. Lá, os vinhos brancos finos e exuberantes ganham destaque, embora a leveza e complexidade dos tintos também façam sucesso no mundo. Os brancos mais famosos são feitos com Chardonnay, e os tintos, com Pinot Noir, especialmente o Romaneé-Conti, um dos mais caros do mundo. Dentre as sub-regiões, três apresentam maior destaque: Chablis, Côte d’Or e Beaujolais.
e) Champagne
Localizada a nordeste da França, é famosa pelo sofisticado e elegante vinho borbulhante: o Champagne, claro! De acordo com a legislação local, a bebida só pode ser feita com três tipos de uvas – Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier – e pelo método champenoise de produção, em que a segunda fermentação ocorre na garrafa.
Apesar de sua extensa área de produção – 34 mil hectares – a região de Champagne tem apenas uma AOC, o que mostra como essa região é focada no prestígio da marca, evitando diferenças internas entre produtos – tudo é Champagne. São 5 sub-regiões, todas produzindo sob a mesma AOC: Côte des Bar, Côtes des Blancs, Côte de Sèzzanne, Montagne de reims e Valée de la Marne.
Cá entre nós: os vinhos franceses formam um mundo à parte, não acha? Mas se você está começando a mergulhar no mundo dos vinhos e ainda acha tudo muito complexo, que tal conhecer as nossas melhores vinícolas no Brasil? Afinal, a gente também produz vinhos de ótima qualidade!
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BRUNO HERMENEGILDO
Sommelier International, formado pela FISAR. Membro da Confraria dos Sommeliers de São Paulo, a mais concorrida confraria profissional do Brasil.
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