A obesidade na infância vem apresentando um rápido e alarmante crescimento nas últimas décadas, sendo caracterizada como uma pandemia. Segundo dados publicados em 2017 pelo Imperial College London e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de crianças de adolescentes obesos, em todo o mundo, aumentou dez vezes nos últimos dez anos. A pesquisa concluiu que, se os hábitos atuais continuarem, haverá mais crianças e adolescentes com obesidade do que com desnutrição moderada e grave até 2022.
A obesidade na infância e na adolescência traz diversas consequências para a vida adulta, como, por exemplo, o aumento da mortalidade. O risco de uma criança de dois anos, que já apresenta peso acima do esperado para sua idade, de se tornar um adulto obeso é de, aproximadamente, 15%. Para uma criança de cinco anos, esse risco aumenta para 35%. Aos sete anos, a chance aumenta para 50% e, aos 10, o percentual dispara para 80%. “Crianças e adolescentes obesos apresentam maior probabilidade de desenvolver doenças cardiometabólicas, diabetes, hipertensão, doença hepática, asma, problemas de saúde bucal, ansiedade, depressão, alterações ortopédicas e articulares, transtornos de déficit de atenção, hiperatividade, problemas de sono e percepção negativa da qualidade de vida“, alerta Dr. Fábio Pizzini, médico nutrólogo da Ápice Medicina Integrada, de Sorocaba.
Como a família é a primeira fonte de informação e suporte para as crianças nessa faixa etária, é essencial que o bom exemplo parta dos pais e responsáveis. Há evidências de que crianças e jovens com incentivo para a prática de atividades físicas sejam mais ativos. Por sua vez, a alimentação saudável deve começar já com a alimentação materna, antes e durante a gestação. Diversos estudos comprovaram a direta interferência que os maus hábitos alimentares maternos podem causar nos fetos, inclusive, aumentando significativamente a chance de sobrepeso e obesidade futura da criança.
A Sociedade Brasileira de Pediatria, em seu Manual de Alimentação, recomenda para todas as faixas etárias, que todos os componentes alimentares estejam presentes no cardápio. O Ministério da Saúde, no Guia alimentar da População Brasileira, recomenda, ainda, o consumo de alimentos in natura, alimentos de origem vegetal ou animal que são consumidos em seu estado natural, evitando os ultraprocessados, que contêm elevado teor de açúcar, sódio e gorduras.
A Academia Americana de Pediatria, a Associação Americana de Cardiologia, assim como a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Saúde, orientam igualmente a não consumir açúcar antes dos dois anos de idade, sendo que, nas outras faixas etárias, seu consumo deve ser limitado. A ingestão de suco de frutas antes dos dois anos, mesmo in natura, não é indicada, uma vez que a fruta inteira é menos calórica e proporciona mais saciedade que o suco, além de ser fonte de fibra e de exigir a mastigação, muito importante para o desenvolvimento orofacial da criança. A ingestão de suco até um ano de idade foi associada ao maior consumo de bebidas açucaradas durante os dois primeiros anos de vida e também ao maior acúmulo de gordura abdominal, segundo trabalho publicado na revista Obesity, em 2015.
Segundo dados da OMS, a obesidade em crianças e adolescentes reflete mudanças comportamentais que privilegiam dietas não saudáveis e a inatividade física. “Urbanização, aumento da renda, disponibilidade de fast-foods, crescimento das demandas educacionais e do tempo diante da televisão e de videogames levaram a uma elevação no consumo de alimentos ricos em gorduras, açúcar e sal e menores níveis de atividades físicas, o que acaba contribuindo para um índice cada vez maior de jovens e adultos obesos”, destaca Dr. Fábio.
O treinamento alimentar familiar pode promover a melhoria na qualidade do consumo dos alimentos, resultando em significantes mudanças nutricionais. Isso facilita a conscientização da criança sobre a importância de manter uma alimentação equilibrada e diversificada, enfatizando os resultados dessa prática na sua saúde. “A promoção da alimentação saudável é fundamental durante a infância, quando os hábitos alimentares estão sendo construídos. É importante que a criança adquira o hábito de realizar as refeições com a sua família, sentada à mesa, em horários regulares, longe da televisão, de celulares e tablets. As crianças precisam ser ensinadas sobre o que é saúde e os reais benefícios de se ter uma alimentação saudável”, conclui o nutrólogo da Ápice Medicina Integrada.
É importante que as crianças evitem o consumo de carnes gordas, frituras, carnes processadas (linguiça, salsicha, mortadela, salame, toucinho, etc), biscoitos recheados e salgadinhos. Deve-se incentivar o consumo de verduras e frutas, introduzindo-as na dieta dos pequenos já no início da alimentação suplementar. Dar preferência aos alimentos cozidos, refogados e grelhados é medida extremamente sábia e eficaz, além de não utilizar doces, refrigerantes e outras guloseimas como medida de recompensa. “Devemos ensinar a criança a fazer escolhas adequadas para a criação de hábitos alimentares saudáveis, sobretudo aquelas com idade acima de dois anos. A partir desta idade, a criança torna-se mais independente, com mais condições de comunicação, maior maturidade muscular e dentes desenvolvidos. Nessa fase, os alimentos não devem ser apresentados misturados uns aos outros, pois é fundamental que a criança identifique o sabor, a cor e a textura de cada um. É comum a aceitação de certos alimentos, após a rejeição nas primeiras tentativas, pois é o processo natural de conhecimento e descobrimento de novas sensações”, orienta o médico.
O especialista ainda orienta que o cuidado com a alimentação de uma criança começa com a mãe, ainda durante a gravidez. “O acompanhamento de um profissional durante o período da gestação é de fundamental importância. No entanto, é a atuação direta dos pais e do ambiente familiar e social que vai influenciar diretamente nos hábitos alimentares da criança e, consequentemente, determinar sua condição de saúde no futuro”, finaliza Dr. Fábio.
A clínica Ápice Medicina Integrada fica localizada na Rua Eulália da Silva, 214, no Jardim Faculdade, em Sorocaba. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3229-0202 ou pelo site.
Foto Destaque: Banco de Imagens
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