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Vinhos espanhóis: um guia pelos sabores da Espanha

por | nov 22, 2019 | Bebidas, Colunistas, Enologia

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Repletos de personalidade, assim podemos definir os vinhos espanhóis. Berço de alguns dos mais prestigiados vinhos do mundo, a Espanha tem muito a nos revelar em produção, cultivo e principalmente na sua diversidade de sabores.

Hoje vamos entender por que o país detém o terceiro lugar no ranking de produção mundial, atrás somente da Itália e da França, e também explorar sobre a história ligada ao vinho que remete a 4000 a.C. Preparados para descobrir um pouco mais? ¡Salud!

As uvas espanholas

Apesar de serem cultivadas mais de 600 castas de uvas na Espanha, a Tempranillo e a Albariño correspondem a cerca de 80% da produção. Embora grande parte dos vinhedos plantados no país sejam de cepas brancas, a popularidade dos vinhos espanhóis está fortemente ligada às uvas tintas; vamos conhecer algumas:

  • Tempranillo – A emblemática uva espanhola é cultivada nas regiões norte e central da Espanha. Temprano significa cedo, e como o próprio nome sugere ela amadurece antes das demais. Uma uva pequena, com pele mais grossa e taninos moderados, gera vinhos com notas de morango, groselha, ameixas, chocolate e tabaco;
  • Cariñena – Uva tinta que produz ótimos vinhos na região do Mediterrâneo, no nordeste espanhol. Tem bom desempenho em climas quentes e secos, deixando seus taninos mais intensos, ácidos e coloridos. Raramente é usada para fabricar vinhos varietais, sendo muito comum em blends com outras uvas, como Grenache e Syrah;
  • Garnacha – É a segunda variedade de uva tinta mais plantada na Espanha. Suas videiras são fortes e estruturadas, resistentes à seca e ao vento forte. Pode apresentar algumas variações de aroma, lembrando frutas vermelhas, damasco, pimenta-do-reino e café;
  • Graciano – Uva tinta cultivada principalmente nas regiões de Rioja e Navarra, com aroma forte, muito apreciada na produção blends com Tempranillo e Cabernet Sauvignon;
  • Xarel-lo – Originária da Catalunha, é uma das uvas brancas mais indicadas para a produção de espumantes Charmat;
  • Verdejo – Uva branca tradicional, aromática, bastante utilizada na Rueda, região central da Espanha. Seus vinhos são produzidos, em grande parte, varietal ou misturado às uvas Viura e Sauvignon Blanc.


A diversidade de regiões produtoras

Atualmente, a Espanha conta com mais de 60 regiões vinícolas registradas, sendo que as principais e que ganham destaque no quesito qualidade e tradição são: La Rioja, Ribera del Duero, Bierzo e Galícia, Castilla y Leon, Priorat, Aragón, Navarra, Cataluña, Madri & Estremadura, Castilla La Mancha, Valência & Murcia, Andaluzia, Ilhas Canárias e Ilhas Baleares.

Por ser um país extenso, sua pluralidade de altitudes, solos e microclimas reflete nos diferentes perfis de vinhos espanhóis – desde espumantes (Cavas) até fortificados, como o Jerez, passando, obviamente, por tintos, brancos e rosés. Portanto, para que você entenda um pouco melhor a indústria vinícola na Espanha, é necessário entendê-la a partir das regiões de cultivo.

Da Galícia, por exemplo, região de alta umidade, com ventos frios, com chuvas frequentes e com influência do Atlântico, saem os vinhos brancos da uva Albariño, de nível de acidez alto, pouco encorpado e com aromas de frutas cítricas. Das regiões de Rioja, Ribera del Duero e Penedez, de clima fresco, saem os vinhos da principal uva espanhola, a Tempranillo (a uva nobre), com menos acidez; e saem os da Garnacha, que resultam vinhos tintos encorpados.

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Classificação dos vinhos espanhóis

A partir de 2003, a Espanha passou a regulamentar as denominações de origem e indicações geográficas dos vinhos espanhóis de forma equivalente à dos grandes produtores europeus – uma maneira de controlar a produção e reforçar a competitividade. Desde então, os vinhos espanhóis passaram a ser divididos em duas categorias principais:

  • Denominación de Origen Protegida (DOP): vinhos produzidos em uma determinada região com uvas originárias totalmente dessa região em questão;
  • Indicación de Origen Protegida (IGP): engloba vinhos em que ao menos 85% das uvas utilizadas sejam da região produtora.

Essas duas categorias principais ainda possuem algumas subdivisões. Os vinhos IGP, por exemplo, dividem-se em Vinos de La Tierra (VdlT), uma nomenclatura tradicional dos vinhos de mesa com característica específicas ligadas a região de origem. Quanto aos vinhos DOP, há cinco subdivisões: Vinos de Calidad com Indicación Geografica (VCIG), Denominación de Origen (DO), Denominación de Origen Calificada (DOCa), Vino de Pago (VP) e Vino de Pago Calificado (VPC) – os melhores vinhos!

Os vinhos DO devem atender a especificações quanto às variedades de uva permitidas, modo de cultivo e localização dos vinhedos. Para chegar ao topo do ranking de qualidade – os DOCa – um DO deve aguardar no mínimo dez anos. Hoje, essa denominação é atribuída a apenas duas regiões: Rioja e Priorato.

Já em relação ao envelhecimento da safra em barrica ou garrafa, o vinho espanhol pode ser:

  • Joven (ou Vino Del Año): aquele engarrafado diretamente após as duas fases de fermentação, sem tempo nenhum de barrica. Sua principal característica é ser fresco e frutado;
  • Crianza: envelhecido por dois anos e parte desse tempo – de seis meses a um ano – permanece em barrica de carvalho francês ou americano;
  • Reserva: envelhecido por três anos, sendo que devem permanecer em barricas pelo menos por um ano;
  • Gran Reserva: produzidos somente com uvas de colheitas excepcionais, são envelhecidos por cinco anos, dois deles em barrica.

 

Como você pode notar, os vinhos espanhóis possuem uma personalidade grande e forte no mercado. Vale a pena se aprofundar nesse mundo dos vinhos e descobrir as maravilhas reveladas em cada gole. E se você é um apaixonado pela bebida dos deuses, que tal aproveitar e estender o passeio pela região ibérica e descobrir também as maravilhas dos vinhos portugueses?

Compartilhe conosco sua experiência com vinhos espanhóis aqui nos comentários!

 

Foto: Banco de imagens


Bruno Hermenegildo

BRUNO HERMENEGILDO

Sommelier International, formado pela FISAR. Membro da Confraria dos Sommeliers de São Paulo, a mais concorrida confraria profissional do Brasil.

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