O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença crônica autoimune e inflamatória que envolve vários órgãos e causa várias complicações, podendo afetar homens e mulheres. Como trata-se de uma doença sem cura, a alimentação tem o objetivo de melhorar os sintomas dos efeitos que essa doença causa, além disso é importante fazer uma avaliação de forma muito individualizada devido à variedade no qual a doença se manifesta em cada pessoa.
As manifestações clínicas mais comuns no LES incluem fadiga, perda de apetite e peso, lesões cutâneas (principalmente erupção malar), artrite, serosite (pleurite e/ou pericardite), envolvimento renal ou do sistema nervoso central e manifestações hematológicas (citopenias) associadas a vários autoanticorpos e dislipidemia.
A terapia com medicamento corticoide, pode elevar o desenvolvimento de obesidade que é uma doença com forte propensão ao aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias que agravam os sintomas do LES e aumentam o risco de diabetes melliutus, hipertensão e sintomas de doenças cardiovasculares, além de aumentar colesterol total e frações (HDL e LDL) e triglicerídeos.
É importante destacar que mais da metade dos portadores de LES apresentam 3 ou mais fatores de risco para doenças cardiovasculares, principalmente obesidade, hipertensão e dislipidemias, sendo mais susceptíveis a sofrer com a síndrome metabólica.
A proposta alimentar para pacientes com LES tem o objetivo de prevenir os fatores de risco e diminuir os sintomas da doença, é baseada na inclusão e diminuição de alguns nutrientes presentes em determinados alimentos tais como:
Inclusão
Ácidos graxos poliinsaturados (ômega-3): presentes principalmente no óleo de peixe e linhaça, agem como substâncias pró-antiinflamatória e podem ser suplementados devido ao baixo consumo popular desses alimentos. Em casos de crise da doença onde os efeitos sejam mais significativos é possível aumentar as doses no caso da suplementação, todavia é importante avaliar os níveis de protrombina no sangue antes de fazer a suplementação.
Vitamina D: a deficiência de vitamina D contribui para morbimortalidade da doença e mais prevalente em pessoas com LES do que na população em geral. A suplementação de vitamina D pode ajudar na imunidade desses pacientes, reduz o risco cardiovascular, reduz a atividade da doença e melhora a fadiga, a suplementação pode ser realizada tanto por médico como nutricionista.
Alimentos ricos em polifenóis: atuam como agentes antiinflamatórios, anticancerígenos e imunomoduladores em diversas doenças e protegem contra os danos oxidativos presentes no LES, os alimentos ricos em polifenóis são os vegetais, frutas, cereais, legumes e bebidas como chá, café e vinho.
Diminuição
Ácidos graxos monoinsaturados (ômega-6): uma dieta rica em ômega-6 pode aumentar a produção de citocinas pró-inflamatórias e aumentar os radicais livres agravando o quadro da doença e elevando o risco de complicações.
Gordura saturada: o excesso de alimentos ricos em gordura saturada pode aumentar a proteinúria e aumentar o risco para nefrite lúpica e ser um fator de risco para dislipidemia e doença cardiovascular.
Alimentos ultraprocessados: passam por processos onde há perda de nutrientes e são ricos em conservantes, corantes, aditivos químicos e carboidrato de rápida absorção que tem relação com o aumento dos níveis de inflamação. No contexto geral da alimentação, os estudos mostram que uma redução calórica é indicada mas pode variar de acordo com o tratamento medicamentoso e individualidade.
É importante também reduzir a quantidade total de carboidrato da dieta que deve ser de baixo índice glicêmico, rica em fibras e proteínas, mas sempre levar em consideração os agravos da doença porque se a pessoa além da LES tiver com doença renal, a quantidade de proteína deve ser menor.
Não existe um padrão dietético para pessoas com LES, é fundamental o consumo de alimentos saudáveis assim como para qualquer outra doença, mas cada caso deve ser avaliado de forma individualizada e deve-se buscar acompanhamento profissional constantemente para tratar as variações que a doença apresentar.
Referências
An update on diet and nutritional factors in systemic lupus erythematosus management. Nutr Res Rev. 2017.
Lupus Erythematosus and Nutrition: A Review of the Literature. Amy Christine Brown, PhD, RD*. J Ren Nutr Outubro de 2000.
Dietary Intervention And Health In Patients With Systemic Lupus Erythematosus: A Systematic Review Of The Evidence. Crit Rev Food Sci Nutr 2019.
Diet and nutritional aspects in systemic lupus erythematosus. Rev Bras Reumatol May-Jun 2012.
Foto Destaque: Banco de imagens
RAIANE GOMES
Nutricionista (CRN3 | 45314). Atendimento com foco no emagrecimento e na hipertrofia muscular. Fone: (11) 99651-4161. E-mail: [email protected].
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