Minas Gerais, que nos últimos anos vem se firmando como uma região expoente para a vitivinicultura, vai ganhar, em julho, um novo negócio no setor: o primeiro wine bar flutuante do estado, o Almas Gerais. Com aporte de R$ 1,5 milhão, o restaurante, com formato de uma chalana, vai circular pela represa do Funil, que compreende 40,49 km², nos municípios de Bom Sucesso, Perdões, Ijaci e Ibituruna, armazenando 285 milhões de m³ de água. Diferentemente de outros empreendimentos similares, este – que irá margear o Vivert Reserva da Mata, condomínio há 30 minutos de Lavras – terá um diferencial peculiar: não ficará ancorado. Circulará pelo dique durante todo o seu funcionamento.
Enovila: Luxo Vinícola Compartilhado
O wine bar faz parte de um suntuoso complexo enoturístico, a Enovila, em desenvolvimento local. Previsto para inaugurar em janeiro de 2027, inclui a construção de uma vila de 60 casas, com compartilhamento inteligente. Quem adquirir uma cota poderá acompanhar todas as práticas do vinhedo por quatro semanas ao ano, incluindo produção, plantio e vindimas. Também terão acesso a rótulos exclusivos, adega e a oportunidade de fazer seu próprio blend e casa, projetada por Gustavo Penna. O flutuante é apenas uma das experiências, destaca Antônio Alberto Júnior, idealizador da Enovila ao lado de Alessandro Rios. Ambos já atuam no mercado alimentício, com empresas como Jeito Caseiro, Verde Campo e Vida Veg, todas sediadas em Lavras.
Vinho à Beira D’água
Antônio Alberto conta que a principal motivação para incluir um wine bar à ‘rota mineira do vinho’, foi, sobretudo, oferecer uma atração icônica aos amantes da bebida para ser experienciada in loco. “Como estamos próximos à represa do Funil e temos o diferencial de ser a única vinícola no Brasil às margens de uma represa, tínhamos que aproveitar a paisagem natural da região e oferecer algo que unisse o vinho à água. Nesse sentido, o insight que tivemos foi o restaurante flutuante”.
Ambientes Fluidos e Exclusivos
Segundo o executivo, eles projetaram o wine bar, com 180m² e assinado pelos arquitetos Gustavo Tavares e Vinícius Messias, para que os sócios vivam duas experiências: uma em ambiente mais intimista/fechado e outra em uma área aberta, no segundo andar, integrada com a represa do Funil. O flutuante terá capacidade para 24 pessoas sentadas, além de uma cozinha equipada e espaço sunset para outras 36 circularem. “Inicialmente, planejamos abrir ao público aos sábados e domingos. Durante os dias de semana, poderá ser reservado para eventos corporativos fechados. Assim, todos podem gradualmente conhecê-lo e desfrutar de suas experiências. À medida que aumentamos o número de sócios da Enovila, a estratégia é torná-lo cada vez mais exclusivo, transformando-o em um atrativo para os membros do clube”.
Junior também acredita que o flutuante será uma opção não apenas para o turismo em Minas como também em âmbito nacional e quiçá internacional. “Poderá, sem sombra de dúvidas, fazer parte do roteiro de viagem de turistas que visitam o Brasil”.
Pequenas degustações
Responsável pelo cardápio do Flutuante Almas Gerais e também sócio do novo negócio, o chef Kaliu Castro revela que a moderna ‘chalana gastronômica’ irá oferecer pequenas degustações de fingerfoods, feitos com ingredientes da alta gastronomia e harmonizados com vinhos Sauvignon blanc. “Por enquanto vamos trabalhar com o Sauvignon blanc Almas Gerais, armazenado em toneis de inox, concreto e possivelmente também feito em barricas de madeira.”
Quanto à escolha do nome do empreendimento, Castro explica que a ideia é, justamente, reverenciar a alma de Minas Gerais: sua gastronomia reconhecida mundo afora. “Estamos selecionando ingredientes de altíssimo nível, todos produzidos por pequenos produtores locais, e dando a eles uma roupagem técnica/inovadora. Queijos, doces de leite, azeites farão parte das delícias servidas. Sem falar, obviamente, dos vinhos, nossa maior especialidade.”
Entre as degustações já definidas, Kaliu destaca uma harmonização com requeijão de corte com raspa do tacho, acompanhado de doce de abóbora com coco e folhinha de manjericão. Além disso, outra preparação será um vinagrete com quiabo, queijo boursin produzido na região de Itanhandu – conhecido pela sua acidez diferenciada – e azeite de limão-siciliano. “Estamos também estudando a viabilidade de um bolinho de carne na lata, recheado com queijo boursin e finalizado com aïoli de limão-cravo, acompanhado de chips de jiló”, completa.
Sobre o chef Kaliu Castro
Mineiro de Lavras e com apenas 30 anos, sendo 10 de carreira, Kaliu Castro vem de uma família com experiência e paixão pelos sabores mineiros. Ele adquiriu os primeiros conhecimentos na área com a mãe e a tia, ambas chefs de cozinha. Formado em gastronomia pela faculdade SENAC de Campos do Jordão (SP), pavimentou sua trajetória em importantes restaurantes da cidade na qual se profissionalizou. Além disso, foi chef-executivo do Ort Hotel, chef do lendário Saint-Moritz e subchef do Ludwig Restaurant.
Minas se destaca na produção de vinhos
Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), revelam que em 2020 o estado contava com cerca de 50 fabricantes de vinho. Hoje esse número já caminha para a casa dos 100 produtores com mais de mil hectares de vinhedos registrados. Ainda conforme a Epamig, quando toda a área plantada estiver em produção, serão cerca de quatro mil toneladas de uva e 2,4 milhões de litros de vinho. A estimativa é que o mercado movimente R$ 120 milhões por ano.
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